Resenha Fuja, coelhinho, Fuja

"Grave minhas palavras, amigo. Não há nada de bom em guerra nenhuma!"

Autora: Barbara Mitchelhill

Editora: Biruta

Páginas: 236

Skoob

O livro foi cedido pela editora Biruta e é o primeiro recebido de parceria, que escolhi justamente por conta do assunto: histórias que se passam no período da guerra sempre oferecem alguma  informação diferente sobre os acontecimentos da época que em sua maioria são chocantes e surpreendente, e foi exatamente isso que encontrei em Fuja, coelhinho, Fuja. 
O diferencial dentre tantas histórias que já li sobre o assunto, é que essa é a primeira que leio onde um personagem se opôs a guerra e sofre as consequências por ser um pacifista.

O enredo começa com uma menina de 11 anos, Lizzie, guardando um segredo e para segurança de sua família, suporta zombarias e acusações em seu último dia na escola.
Seu pai teve um motivo muito nobre pra não ter se alistado, mas nem todos compreendem sua atitude, considerado pela própria irmã um covarde, quando na verdade tudo o que ele não queria era matar pessoas.
E como o risco de ser preso é iminente, uma fuga foi a única saída encontrada pelo pai de Lizzie.

Whiteway parecia o destino perfeito, já que o local acolhia todos aqueles que tinham algum problema ou se recusavam a lutar.
O dia congelante mal teve seu início e Lizzie junto com seu pai Will e seu irmão mais novo Freddie deixaram a casa que guardava todas as recordações e lembranças alegres de sua mãe morta em um bombardeio.

Apesar da recepção calorosa e do lar aconchegante que encontraram, não puderam ficar muito tempo em Whiteway, a desobediência e a vontade da menina de se divertir acabou colocando-os em apuros.
Em Whiteway, Lizzie logo fez amizade com Bernardo, um menino um pouco mais velho, que assim como ela sempre se metia em encrencas. E disposta a mostrar a ele que não é uma menininha mimada e cheia de frescuras, nunca dizia não a seus convites. E foi em um desses, numa feira distante da sua comunidade, que ela colocou a segurança de sua família em risco.
E uma nova fuga foi necessária.
Será que Will vai conseguir manter a família unida e os filhos em segurança?

"...às vezes penso sobre a guerra e sobre quem é valente, ou covarde. Acho que uma pessoa tem de ser valente para afirmar diante de todo mundo aquilo em que acredita." pág 226

Foi incrível conhecer os personagens que participaram desse enredo: algumas pessoas boas que se mostraram receptivas, generosas e compreensíveis, dispostas a ajudar tornando a tarefa mais leve, minimizando às dificuldade. Outras eram pessoas más, egoístas e mesquinhas, que prejudicavam e tornavam o caminho mais árduo. Algumas tinham o dom de tirar um enorme sorriso das crianças, outras só despertavam o temor....dura realidade do período.

Esse enredo mescla realidade e ficção, apesar dos personagens serem fictícios, a história é baseada em fatos reais, e Whiteway ainda existe.

Por ter uma narrativa em primeira pessoa, e Lizzie ser uma criança, a história é contada com simplicidade mas se torna ainda mais impactante, comovente e envolvente.
A realidade retratada das situações provocadas pela guerra é cruel principalmente quando diz respeito às crianças, que foram privadas da infância, enfrentando grandes dificuldades, tendo uma vida bem difícil.

Os capítulos são curtos e diretos. Conforme a história  vai sendo contada, pequenas notas de rodapé surgem para alguns esclarecimentos importantes sobre as restrições do período, mas para aqueles que não gostam dessas notas, vai aqui o meu recado: fiquem tranquilos porque além de poucas e curtas, as notas são enriquecedoras, trazendo um diferencial pro enredo.
Esse é um livro infantojuvenil, a narrativa consegue ser leve apesar da densidade do assunto abordado, a autora não pesou na mão, mas nem por isso ele perde o mérito.

O livro tem um trabalho gráfico belíssimo, revisão e diagramação impecáveis.
O título, Fuja coelhinho Fuja, foi uma música popular no período da II Guerra, então o  título é condizente com o assunto tratado assim como essa capa é uma alusão ao que é narrado.

Avaliação: 

Run Rabbit Run, é a canção que as crianças cantavam durante a fuga.

A Autora: 

Barbara Mitchelhill nasceu em Rochdale, Inglaterra. É formada em Pedagogia e, além de dar aulas, escrevia textos para livros didáticos e para a rede de televisão BBC Infantil. Atualmente, dedica-se principalmente aos
romances juvenis.
Fuja, coelhinho, fuja venceu o prêmio da cidade de Stockton de Melhor Livro do Ano, em 2011. Em 2012, foi vencedor do prêmio Young Quills for Historical Fiction, que escolhe as melhores obras de ficção histórica infantojuvenil publicadas no Reino Unido, e do prêmio Red House Children´s Book, único prêmio do Reino Unido cuja votação é feita exclusivamente por crianças. Além disso, foi indicado ao Carnegie Medal, que laureia obras de destaque na literatura infantojuvenil também do Reino Unido.