Resenha Neve na Primavera

"Tome cuidado! Em um simples piscar de olhos, tudo  que você ama pode ser levado de você."

Autora: Sarah Jio

Editora: Novo Conceito

Páginas: 336

Skoob

Publicado originalmente em 2012 como Blackberry Winter, Neve na Primavera chegou ao Brasil em abril de 2015 publicado pela editora Novo Conceito.
Quando li a dedicatória desse livro, já sabia que emoções me aguardavam, acho que é coisa de mãe se solidarizar com a dor da outra, então a empatia com as personagens e o enredo foi instantânea.

Intercalando a história entre passado e presente, conhecemos Vera e Claire.
A informação inicial que temos é que Vera, vive com o filho Daniel de 3 anos, e passa por dificuldades que o período da Grande Depressão trouxe. 
Numa noite fria de ventos assustadores, ela precisava sair para cumprir seu turno de trabalho. Sem ter com quem deixar o menino e a possibilidade inexistente de faltar ao serviço, já que ela não podia perder o emprego, sua única fonte de renda para sustentar o filho e manter um teto, a única opção foi deixar ele sozinho em casa.
Quando retornou do trabalho pela manhã, tudo que Vera queria era abraçar e acordar o filho com um sorriso, mas entrou em desespero ao descobrir que ele não estava em casa, o menino tinha sido raptado.
Muitos anos mais tarde, uma tempestade de neve fora de época traz à tona os acontecimentos que marcaram para sempre a vida de Vera.

Claire trabalha num jornal e seu chefe vê nessa tempestade rara a chance de fazer uma matéria relacionando uma nevasca que parou a cidade quase um século atrás e aconteceu coincidentemente(ou não) na mesma data.
Bastante desanimada e sem grandes perspectivas sobre o que abordar, Claire começa seu trabalho de pesquisa e quando se depara com a foto de Daniel, ela sente uma força revigorante e uma necessidade extrema de descobrir tudo sobre esse caso.
Enquanto vamos descobrindo a história de Vera através de Claire, conhecemos também a sua história, seu casamento com Ethan, o acidente sofrido e suas consequências, seus fantasmas e sua luta pra enfrentar toda dor.  Algo muito grave aconteceu nesse acidente que abalou e desestruturou totalmente a vida do casal Claire e Ethan, tanto pessoal quanto conjugal, existia um abismo entre eles.
O que aconteceu com o pequeno Daniel? Vera conseguiu reencontrar seu filho?
E o casamento de Claire, vai resistir a tanta pressão, ressentimento e culpa?

"Os segredos têm dessas: sempre encontram seu caminho. Mesmo que leve uma vida toda." pág 302

A escrita da autora é de uma fluidez singular, em questão de horas minha leitura tinha evoluído de forma incomum pro meu ritmo. 
Esse enredo engloba um romance histórico e investigativo com um ar de mistério desenvolvido com muita delicadeza nos transportando com facilidade entre duas épocas distintas. 

Não é uma história profunda, senti falta de uma caracterização mais ampla sobre alguns personagens e algumas situações, mas a trama convence e apesar das características similares da vida das protagonistas, suas histórias foram articuladas e interligadas de forma coerente e expressiva. E ambas, Claire e Vera, são personagens verossímeis e agradáveis.

A narrativa é em primeira pessoa, sendo intercalada entre Vera em 1933 e Claire em 2010, e aos poucos vamos percebendo a ligação existente entre as duas. No final de cada capítulo, a troca entre as narradoras foi feita de forma bem motivadora e foi isso que contribuiu para o excelente andamento da minha leitura: o que seria revelado e me aguardava a seguir.

Existe uma certa previsibilidade em determinado ponto da história sim, tem também uma questão que ficou subentendida, acredito que essa foi a intenção da autora porque de um modo geral a mensagem foi passada claramente....mas eu como leitora, gostaria de uma explicação direta e explícita.

Esse foi meu primeiro contato com Sarah Jio, e mesmo com algumas ressalvas, eu me encantei com a história e a emoção palpável transmitida numa narrativa sobre perdas e recomeço.

"As coisas mais difíceis sempre se tornam nas mais recompensadoras." pág 123

Avaliação:

A Autora:

Sarah Jio é jornalista e escreve para revistas como SELF, Real Simple, Cooking Light e O, The Oprah Magazine, entre outras. Nos últimos anos mantém um blog na “;Glamour.com”; sobre saúde e bem-estar. Vive em Seattle com o marido, seus três filhos e um golden retriever.

As Violetas de Março é o seu primeiro romance e foi considerado o melhor livro do ano (2011) pelo Library Journal.