Resenha: Um ano na vida de um (Total e Completo) Gênio

"Os professores não deveriam ter licença para dizer que você é ótimo em alguma coisa, isso só torna a vida mais difícil."

Autora: Stacey Matson

Editora: Geração Jovem

Páginas: 264

Skoob

Ao ler a sinopse e frases irônicas, observar as figuras e cores alegres da capa dentre outras informações do livro, logo pensei: “É de uma leitura assim que estou precisando... muitíssimo engraçada, leve e com muitas figuras... bem, deve ter muitas figuras... Esse será o meu companheiro por alguns dias? Aahh...talvez um mês já estará de bom tamanho”...

Mas, ledo engano, aliás, ótimo, maravilhoso engano que me fez ter a oportunidade de conhecer o primeiro livro de Stacey Matson, nascido de sua tese de mestrado na Universidade de British Columbia. Antes mesmo de terminá-lo, já estava ansiosa pensando por uma continuação dessa inspiração tão cheia de verdades importantes passadas através de falas engraçadas para conquistar o público infanto-juvenil.

"Os professores não deveriam ter licença para dizer que você é ótimo em alguma coisa. Isso só torna a vida mais difícil."

Então, vamos falar sobre o viciante e curto período que tive o privilégio de viver dentro do universo de Arthur A. Bean. Bem, o livro nos apresenta um ano na vida de um aspirante escritor que tem apenas 13 anos.. Oi?! O que?! Então, é isso mesmo que você acabou de ler!!! esse pré-adolescente já inicia seu ano fazendo uma lista de metas importantes...uma delas já está no papo!! Afinal, ele é FABULOSO!!! Ele é o MÁXIMO!! E por isso, nem será preciso muito esforço, porque ele também é um GÊNIO!! Do que afinal estou falando mesmo?? Aaahhh... de suas lista de realizações (metas para o ano)... Ele pretende iniciar o seu primeiro grande romance que lhe renderá muitos prêmios, fama, dinheiro e até quem sabe uma futura venda dos direitos autorais para o cinema... Maaas, entre uma rotina e outra, Arthur terá que aturar o temperamento e os arranhões de sua gata Pickles, tentará tirar seu pai da prostração e silêncio, fará o possível para afastar de sua vida o temido colega Robbie, se esforçará o máximo para conquistar o coração de sua amada Kennedy que nunca o notou, mas, a parte mais importante para ele será GANHAR o PRIMEIRO LUGAR no Concurso Municipal de Contistas Mirins de sua escola!!! Aaahhhh que moleza!!!!

Bem, essa introdução foi para que você notasse o quanto a escrita de Stacey é de fato leve e hilária, porém, também muito inteligente e envolvente.

Que semana terrível! Todos os meus professores me odeiam. Até o sr. Everett, que é sempre superlegal comigo, foi mau esta semana. E a culpa é dele. Eu só estava tentando ser honesto, e só o que ele quer para o jornal são cachorrinhos, gatinhos e dias ensolarados. Isso não é a vida de verdade, DL. Estou só dizendo como ela é.

Diversões à parte, não negarei que Arthur é apaixonado e mega focado na escrita desde o Ensino Fundamental I, mesmo que, segundo a sua opinião, tenha que aturar as ordens excessivas e a falta de compreensão de seus professores atuais, somadas as opiniões negativas de seus colegas sobre seu excelentíssimo QI alto. Mas, essas suas opiniões pesadas não afastam o fato dele ser um aluno aplicado e inteligentíssimo e possuir um grande talento para escrever, tanto que nada afasta de seu coração a convicção de que esta será a sua profissão no futuro.
Esse foco literário de Stacey chamou muito a minha atenção, por conta da enorme carência de interesse pela leitura em nossa sociedade atual. Vemos isso acontecer nas crianças, adolescentes e até mesmo adultos, que tem exageradamente a presença de Smartphone ou Iphone grudados quase 24 horas em seus corpos, mais especificamente, em suas mãos. Cadê a presença dos livros? Não sei! Não há nenhum escritor(a) de tenra idade? Apagou-se a magia ou o encanto que havia nos livros? Também não tenho resposta para essas tristes perguntas, mas, aposto e acredito na proposta da escritora em reacender algo tão importante, porém, infelizmente está se apagando diante dos fortes reflexos da modernidade que nos rodeia.

"Quem gostaria de ser amigo de caras como Robbie Zack? Eu não sou amigo de pessoas que escrevem 'pençamentos' com ç. Boa sorte para quem for."

Além de sua vocação pela escrita, é possível encontrar mais características especiais em Arthur, mas, por conta de alguns momentos difíceis em sua vida, percebi a necessidade de certas mudanças em seu modo de agir e pensar sobre as pessoas, porém, felizmente alguns contatos especiais se fizeram presentes lhe ensinando com amor, por exemplo, sua amiga e vizinha Nicole que o ensinou a fazer tricô como terapia, ao desenrolar as lãs, ele também desembaraçava suas emoções e isso se tornou um grande hobby para ele que adorava criar peças de roupas... Também não posso deixar de citar sua professora da Classe de Inglês na escola Terry Fox Junior High, Ms. Whitehead. Ela não só o incentivou na escrita, mas manteve um contato direto com ele e seus colegas de turma. Desse modo, ela veio a se tornar uma querida e especial orientadora de suas inspirações, e porque não dizer, lhe passou princípios da humildade, companheirismo e o incentivava sempre a abrir mão da presunção. Fazendo-o perceber que além dele existia outros talentos, como o seu colega Robbie Zack, que com tamanha simplicidade e erros ortográficos do tipo: "talveiz, istória, solbe, açistir"... ele descobriu uma inegável desenvoltura de criar histórias maravilhosas! Robbie sem saber lhe ensinou que ser um grande escritor não é um mérito voltado somente para quem tem uma formidável gramática e ortografia, pois sem o amor, a criatividade e esforço de encarar uma página em branco e se deixar fluir livremente por ela sem o sufocamento do perfeccionismo, nenhuma frase nascerá de mentes totalmente preenchidas pelo preconceito.

"Andei lendo HQs porque Robbie gosta delas. Eu achava que eram para crianças, mas são muito legais. Robbie até pensou em escrevermos uma juntos."

Finalizando, tenho que descrever uma genialidade fantástica encontrada nesse livro. Vocês nem imaginam como eu compreendi a história do inicio ao fim. Provavelmente, é claro, você responderá: Ora! Você apenas abriu o livro e começou a ler! Não, isso seria comum demais, e pelo que já citei, se a forma de escrever de Stacey Matson é singular, com certeza a história também não seria apresentada como todos os livros são... Gente, tudo o que há no livro, que não expus totalmente porque perderia a graça para quem o comprará, nos é contada através de informações trocadas por e-mails, cartas, bilhetes e o mais magnífico de tudo! Arthur escreve todos os seus medos, dúvidas, reclamações e até sentimentos tristes através de seu Diário de Leitura. Isso não é super legal???!!!

"Querido, DL,Cheguei a uma conclusão muito importante. Eu, Arthur Aaron Bean, sou um homem de poucas palavras. Não preciso de frases longas e arrastadas para descrever adequadamente uma cena, ou um personagem, ou uma trama. Não preciso de parágrafos para atrair meus leitores. Eu sou um poeta. Minhas histórias podem ser contadas em rajadas curtas. Na verdade, minhas histórias são mais fortes assim. Eu poderia ser o próximo grande poeta norte-americano, como Alfred Tennyson e William Blake. Meu trabalho será lido nas salas de aula nos próximos anos, aposto."

Enfim, super recomento essa leitura maravilhosa, não só para o público infanto-juvenil, mas para todos que amam uma história rica de empatia, humor, amizade, amabilidade, compaixão, sinceridade, informações sobre livros, peças teatrais, autores e fatos históricos entre outras coisas... a única parte ruim para mim, foi que estive por pouco tempo com esse livro em mão, porque a história de Arthur Bean é tão vibrante que não notei a rapidez que as horas passaram, assim, vivi freneticamente dentro do ano mais importante na vida de um total e completo Gênio. rs ^^)

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