“Meu nome é Sam.
Tenho onze anos.
Coleciono histórias e fatos fantásticos.
Quando você estiver lendo isso,
Provavelmente já estarei morto.”
Coleciono histórias e fatos fantásticos.
Quando você estiver lendo isso,
Provavelmente já estarei morto.”
Autora: Sally Nicholls
Editora: Geração
Páginas: 230
Skoob
É isso mesmo que você leu, ao pegarmos o livro para iniciarmos a leitura, nos deparamos com essa frase na orelha do livro e também depois do sumário, logo compreendemos que se trata de uma história que envolve a morte. Sinceramente pensei que não teria nada que me motivasse a continuar lendo, principalmente se há indícios de sofrimento e falecimento de um personagem de apenas 11 anos, que ainda não experimentou quase nada da vida, sendo assim, não haveria nada mais a esperar se não lágrimas, dores, tristezas, partidas sem volta e talvez mágoas ou revoltas vindos de seu ingênuo e imaturo entendimento.
Quando a novata Sally Nicholls escreveu Como Viver Eternamente, seu primeiro romance, ela tinha apenas 23 anos, mas diante de tamanha riqueza de detalhes, sensibilidades aflorando em cada parágrafo com textos fortes e reflexivos, me fez pensar que sua experiência nos dava indícios de que já estávamos diante de uma grande escritora. A partir desta publicação ela se tornou uma escritora profissional e sua sensibilidade foi tão abundante que chamou a atenção de uma das maiores editoras do mundo para livros infantis e juvenis, chamada Marion Loyd, da Scholastic. O impacto emocional foi tão abundante que 16 países ficaram dispostos em conseguir os direitos autorais. Mas, por que tanto frenesi assim? A julgar pelo título e pela capa, talvez esse impacto tão fulminantemente tenha acontecido por ser tratar de mais um livro de autoajuda. Como bem sabemos, esse gênero é muito procurado, a razão talvez se deva pelas crises existenciais que enfrentamos e que às vezes nos desequilibram psicologicamente e deixamos de enfrentar com resignação as dificuldades que se encontram em certas mudanças pessoais inesperadas, por isso, já não é de hoje a grande necessidade de buscar uma solução imediata ou simplesmente uma palavra de consolo para a alma que está aflita. Publicações desse nível geralmente têm um volume grande de venda, ainda mais quando se trata de assuntos delicados relacionados a doenças psicológicas ou terminais, como o câncer.
Bem, felizmente quero comunicar que estava enganada, li e muitíssimo admirada fiquei em descobrir que a história não se trata de uma autoajuda, então, de novo vale lembrar que não podemos julgar um livro pela capa e nem também pelo título, porque a história de Sam Oliver McQueen revela de forma tão natural, sem frases de efeito e clichê sobre o câncer. Nesse caso, Sam tem leucemia, mas de uma forma muito humana, inocente e linda, ele inicia um livro tendo as impressões de um pré-adolescente que precisa lidar com este problema e prosseguir sua rotina diária, preenchendo as horas em que não sente dor, incômodos em suas feridas ou longos períodos dormindo, por conta dos medicamentos. Ele ocupava o pouco tempo consciente fazendo as coisas que mais gosta: pesquisas científicas, listas de coisas que quero fazer, fatos sobre ele, perguntas que ninguém quer responder e além também de refletir sobre a importância de experimentar uma vida eterna em vida, tentando realizar sonhos simples, mesmo que aparentemente a sua existência seja vista como curta.
Como leitora, me vi vivendo o privilégio de saber desde o início dessa história o que se passava no coração desse adolescente, cheio de segredos, medos e ousadia que os outros personagens não podiam ter acesso. Vivenciei junto à ele de uma forma totalmente transparente o que se passava e através do acesso as suas reflexões e confissões na alma, eu pude enxergar, ouvir, sentir e aprender excelentes lições de sinceridade e sentimentos diante da realidade que ele vivia. Toda essa porta de informação só foi possível porque o próprio Sam é o narrador de seu livro e consequentemente também dos seus dias.
“Vocês, vocês, vocês”, pensei. Sou eu que tenho de tomar a decisão! Senti meu rosto ficar vermelho de raiva. Lembrei-me de tudo, dos comprimidos, das injeções, das salas de espera nos hospitais, tudo isso e nada me fez melhorar. Eram apenas coisas absurdas para eu passar o tempo me preocupando.”
A leitura foi rápida, prazerosa e senti muita leveza na escrita de Sally Nicholls, por isso é possível encerrar o livro em poucas horas, mesmo sendo de 230 páginas. Ele resgata da memória algumas realidades sobre a passagem entre a vida e a morte, mas nem por isso senti pesar em meu coração e nem tão pouco chorei de tristeza, porque a história não foi escrita de forma dramática ou triste, na verdade, eu a senti tranquila, serena e profundamente ciente da satisfação de viver mesmo estando gravemente doente, pois passei algumas horas dentro do cotidiano de Sam, experimentando os acontecimentos em família, vivendo as aventuras fantásticas com ele e seu melhor amigo Félix, durante as fantásticas aulas em casa com a professora Sra. Willis ou acompanhando seu tratamento de quimioterapia junto com a enfermeira Annie. Dentro dessa rotina de sentimentos e felicidades sutis em meio ao processo doloroso e sem uma resposta concreta, ainda assim a história de Sam nos responde claramente que para viver eternamente não é necessário buscar desenfreadamente por um manual de "como viver bem" e nem espiritualizar forçosamente tudo ao seu redor, o que necessitamos de fato é sermos gratos pela vida, pelas pessoas que são maravilhosos presentes, pelo destino que Deus escolheu para nós e nunca deixar de reaprender a ser feliz, na simplicidade ou na abundância do dia a dia... isso é viver eternamente.
É preciso também ter esperança, seja aqui, no agora, no presente... isso também é viver eternamente, independente da dor que estamos enfrentando. Para viver eternamente não é preciso se desgastar em somatizar precipitadamente a morte, porque ela chegará... querendo ou não um dia todos nós iremos encará-la face a face, mas antes que isso venha a acontecer, é preciso viver no hoje momentos de toque, abraços, sorrisos, confianças, sonhos, mãos estendidas e relacionamentos bem cuidados e floridos, para que não saiamos de nossos corpos sem saber o que é ter paz e realização em ter vivido alianças que nos salvem de uma vida sem vida.
“Vovó diz que morrer é como lagartas virando borboletas. Ela diz que é claro que é assustador, como também deve ser para as lagartas quando entram no casulo. Mas o que aconteceria se, por exemplo, as lagartas saíssem por aí dizendo “Ah, não, chegou a hora de entrar no casulo, não é justo”? Não haveria borboletas – é isso que aconteceria."
Por essas e outras razões, acredito que a história de Sam não foi escrita somente com o objetivo de falar dessa temática ao coração da criança ou pré-adolescente. Sua história e sua vida foram construídas e escritas com bases fundamentais para leitores que estão vivos e que sabem que assim eles estão, que independente de suas idades e de suas experiências precisam ser alertados sobre algumas coisas fundamentais que há na vida, antes que o tempo voe, porque sobre a eternidade e a morte, nós estaremos prontos em saber sem correr atrás quando soubermos caminhar seguros e realizados aqui, em vida, afinal de contas, a vida eterna começa a partir do momento em que sabemos e compreendemos sobre o que é viver.
“Na minha velha escola, costumávamos preparar ciclos de vida. Sei tudo sobre o ciclo da água, o ciclo do carbono e o ciclo do nascimento das estrelas. Tem a ver com coisas velhas que morrem e coisas novas que nascem. Velhas estrelas formando novas. Folhas mortas se transformando em plantinhas. Pode ser algo que morre ou pode ser algo que nasce. Depende do ângulo que se escolhe.”
DICA: Se você gostou do livro, pode adquirí-lo utilizando cupons de desconto que o site Cupom Válido oferece.
Avaliação:
A Autora:
O primeiro romance de Nicholls, Ways to Live Forever (Como Viver Eternamente na tradução brasileira) foi escrito durante seu período em Bath Spa. A história é sobre um garoto de onze anos chamado Sam que sofre de leucemia e está à beira da morte, e o que escreve é uma espécie de livro de memórias do garoto.O livro foi originalmente publicado pela Marion Lloyd Books, parte da Scholastic Press, uma das maiores editoras do Reino Unido e do mundo, em janeiro de 2008. No Brasil, a tradução veio ao público pela Geração Editorial.O segundo livro de Nicholls, Season of Secrets (Estação de Segredos), é inspirado na lenda do deus pagão do sol. Esse livro originalmente recebeu os nomes de The Green Man e The Midnight Hunter (O Homem Verde e O Caçador da Meia-Noite). Foi publicado na Inglaterra em abril de 2009, e no Brasil em 2010, sob o título A Menina que Conversava com o Verão, também pela Geração Editorial.
Que resenha bacana! Não conhecia esse livro e gostei! Fiquei interessada.
ResponderExcluirobrigada, Gisele!
Excluiresse livro esta na lista de desejados há algum tempinho, a proposta muito me agrada
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Olá Elienae,
ResponderExcluirEmocionante a resenha, gostei muito e não conhecia nada da autora.
Um beijo, estou te seguindo.
www.purestyle.com.br
olá, Fernanda! obrigada pelo seu comentário e por estar nos seguindo. ;) <3
ExcluirBela resenha, fiquei com vontade de ler o livro!
ResponderExcluirobrigada!
ExcluirMeu Deus
ResponderExcluirHá muito tempo não tenho tanta vontade de ler um livro!
Acho que tem tudo a ver comigo.
As coisas efêmeras da vida. Preciso aprender a perpetuá-las.
<3
ExcluirQue livro lindo só em ver a capa já trás uma paz, ele é tocante, o livro mostra como é bom viver momentos bons, gostei muito da resenha me deixou emocionada, com certeza podemos viver eternamente fiquei bastante curiosa pra ler ele todo, bjs.
ResponderExcluirobrigada, Luciamar! beijos!
ExcluirOi, como vai? Nossa, esse livro deve ser daqueles que não dá para ler e continuar percebendo as coisas do mesmo jeito...Super emocionante mesmo! Ótima resenha! Beijos!
ResponderExcluirobrigada, Rosa! sim... ele é muito especial... beijos!
Excluiroi
ResponderExcluirEsse livro tem realmente uma escrita leve e uma leitura rápida, porém, é, ao mesmo tempo, extremamente profundo :D
bjo
:-* beijos!
Excluirvou colocar na minha wishlist de livros, assim que terminar os meus vou ler esse!!!
ResponderExcluirAdorei sua resenha, apesar do livro não ser um gênero que eu goste muito achei a história bem interessante.
ResponderExcluirobrigada! :)
ExcluirNão conhecia o livro, e parece ser uma leitura bem reflexiva.
ResponderExcluirGostei da resenha.
Beijos
obrigada, Vêvévi! :)
ExcluirRealmente, se não fosse por essa resenha, esse livro passaria batido, eu pensava mesmo que era de auto ajuda, fiquei muito interessada nessa história, vou procurar, dica anotada! Bjs
ResponderExcluirobrigada! beijos!
ExcluirUau que resenha... adorei essa trecho:
ResponderExcluir“Vovó diz que morrer é como lagartas virando borboletas. Ela diz que é claro que é assustador, como também deve ser para as lagartas quando entram no casulo. Mas o que aconteceria se, por exemplo, as lagartas saíssem por aí dizendo “Ah, não, chegou a hora de entrar no casulo, não é justo”? Não haveria borboletas – é isso que aconteceria."
^^)
ExcluirOi Eli, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia o livro, mas já estou desejando ardentemente. Gosto de leituras que mecham com o nosso emocional e que nos leve a refletir sobre a vida, sobre o que queremos, sobre o modo que vivemos, e me parece que esse livro consegue realizar isto muito bem. Fiquei muito curiosa para conferir a escrita da autora, tenho certeza que curtiria a obra. Parabéns pela resenha, está muito boa!
Beijos!
oi, Alice! tudo ótimo! pelo que escreveu você realmente irá amar essa leitura!
Excluirobrigada! beijos!
Oi,
ResponderExcluirAinda não conhecia o livro e nem a autora.
Gostei muito da sua resenha e ela me deu muita vontade de ler o livro e saber mais sobre a história.
Abrçs
obrigada, Marcia! :) abrçs!
ExcluirAdorei a resenha, parece ser bem interessante e intensa.
ResponderExcluirBjs ♥
obrigada, Kassia! ♥ bjos!
ExcluirOlá!
ResponderExcluirNão conhecia a obra, mas adorei a capa e o título chamou minha atenção.
Lendo sua resenha percebi que esse é o tipo de livro que me agrada.
Gostei muito dos pontos que você ressaltou. Espero que a leitura me agrade tanto quanto lhe agradou.
Beijos.
olá, aline! espero também que você goste a forte história de Sam. obrigada! bjos!
ExcluirOlá, tudo bem? Que livro emocionante, uma história realmente linda, gosto de livros que nos ensinam algo, nos ensinam como sermos pessoas melhores, tenho certeza que esse seria um desses livros. Sua resenha me deixou mais encantada ainda com o livro. Obrigada pela super dica, beijos.
ResponderExcluirque lindo seu comentário, Célia! obrigada! beijos!
ExcluirMeu Deus que história interessante, fiquei louquinho para acompanhar essa história completa.
ResponderExcluirSem falar que essa primeira frase é realmente impactante.
Amei a resenha.
Beijos
http://www.mundoinvertido.com/
obrigada, Gustavo! :) beijos!
ExcluirBela resenha. A história parece ser realmente emocionante e tocante, acima. De tudo. Fiquei bem curiosa para saber mais sobre Sam.
ResponderExcluirBjim!
Tammy
obrigada! bjim, Tammy!
ExcluirNão conhecia o livro, e apesar da resenha muito bem feita, não é um livro que eu queira ler no momento. Em todo caso, a autora trouxe reflexões interessantes para o livro.
ResponderExcluirBjs Rose
obrigada, Rose. beijos!
ExcluirNão conhecia a obra, mas fiquei com vontade de conferi! Ufa que alívio quando li seu terceiro parágrafo! A dor tem outras faces, né! E a a vida também parece ter faces outras.
ResponderExcluirrsrs... é verdade, Marli. beijos!
ExcluirComo viver eternamente...fiquei curiosa já pelo titulo depois da resenha mais curiosa ainda....
ResponderExcluirNossa, meu coração já ficou apertadinho só de ler a resenha, nem imagino o estrago durante a leitura. Apesar de ser triste, parece ser uma obra bem delicada - como tem que ser quando se trata de uma doença tão grave e de um paciente tão jovem. Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirobrigada, Madame Brasil! :)
ExcluirDepois de ler sua resenha fiquei super envolvida e com vontade de ler ! Esse início do livro é algo que nos instiga a querer ler!
ResponderExcluirPegando apenas o gancho do título, será que gostaríamos de viver eternamente, com tantos sentimentos, tantas idas e vindas, mágoas, perdas? Livros que nos tocam profundamente e nos trazem reflexões são os mais interessantes de ler e viajar, pois nos levam a questionar nossas próprias questões e formas de resolver.
ResponderExcluirBjo.
que lindo seu comentário! :) bjos!
ExcluirO que me deixa super feliz, é que hoje em dia estão surgindo excelentes escritores ainda jovens, sinal que a mocidade está se interessando pela leitura e também escrita :) Quanto ao livro, pelo que vc escreveu parece de uma sensibilidade incrível e claro que já fiquei mega curiosa para ler e saber o desenrolar da história.
ResponderExcluiré verdade, Erica!... que outros mais venham a surgir porque a chama da escrita não pode se apagar!
ExcluirOie, tudo bem? Que resenha mais incrível. Realmente pela idade da autora espera-se um livro mais simples e sem grande profundidade, no entanto o que você mostrou no post é o oposto. O enredo foi muito elaborado e explorado. Parabéns pelo post, ótima indicação. Beijos, Érika =^.^=
ResponderExcluirobrigada, Érika! <3 beijos!
ExcluirOlá Elianae que livro poderoso, mas a tua escrita não é menos poderosa. Adorei a sua resenha, a forma como você descreveu tudo. Me envolvi e adoraria ler esse livro. Será que há em Portugal?
ResponderExcluirBeijinhoBom
Magianaspalavrasbypaula.blogspot.pt
olá, Paula! dê uma pesquisada nos sites ou livrarias de Portugal..acredito que tenha sim, porque foram 16 países que conseguiram publicá-lo...
Excluirmuito obrigada pelo seu lindo comentário! <3 beijos!!!
Amei sua resenha, muito bem escrita.
ResponderExcluirEsse livro parece incrível, fiquei super interessada.
Parabéns.
obrigada, Karine! <3 :)
ExcluirOie
ResponderExcluirfaz um bom tempo que quero ler esse livro, apesar de não ser um gênero que eu esteja acostumada, com certeza me bate a curiosidade por parecer ser uma história tão linda e sensível
beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/