24 julho, 2017

Lima Barreto e Flip 2017

Fonte de imagem: Facebook

Lima Barreto será homenageado na 15ª edição da Flip que acontecerá de 26 a 30 de julho em Paraty. Suas obras estarão sendo debatidas assim como toda sua trajetória.


Seu livro mais conhecido, Triste Fim de Policarpo Quaresma, um clássico da literatura brasileira, foi publicado em folhetins e quatro anos mais tarde, a íntegra dos textos foi impressa pela primeira vez em forma de livro, sendo custeada pelo próprio autor. Trazendo uma crítica a sociedade da época, a obra teve sua adaptação em 1998: Policarpo Quaresma, Herói do Brasil.




Em seu livro inacabado Cemitério dos Vivos, o autor conta sua experiência sobre o período em que ficou internado num sanatório para tratamento de alcoolismo. Esta, assim como a maior parte de suas obras, foram publicadas postumamente.


Biografia

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881. Seu pai ganhava a vida como tipógrafo e sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª série.
Torna-se órfão de mãe ainda na infância. Ingressa na Escola Politécnica em 1897, mas, reprovado continuamente em diversas matérias e obrigado a sustentar os irmãos, por conta dos problemas psiquiátricos do pai, abandona os estudos.
Em 1911, publica Triste Fim de Policarpo Quaresma nas páginas do Jornal do Commercio, pagando do próprio bolso a edição em livro que foi lançada em dezembro de 1915.
Faleceu aos 41 anos em sua casa.
                                                                             
                                 Fonte: Wikipédia


Obras em Destaque


  

Frases do Autor
“Poderia alongar-me mais na descrição dos doentes que me cercam. Mas a loucura tem tantos pontos de contato de um indivíduo para outro, que seria arriscar tornar-me fastidioso se quisesse descrever muitos doentes.” 

“O Brasil não tem povo, tem público.” 

"Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa."

"Ele alegrou os outros e nunca teve alegria."

"O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem, que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças, mas tal não se deu, calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram. É inútil dizer que nada pedi."


Não as Matem - Crônica contra Feminicídio
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio, quand même, sobre a mulher.
O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes.
Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-futuro Hotel Monumental, que substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou a sua ex-noiva e matou-a.
Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros.
Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer.
Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que é de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão.
O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de supor que, quem quer casar, deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como e então que se castigam as moças que confessam não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer, tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição, não devem ser desprezadas.
Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa, que enche de indignação.
O esquecimento de que elas são, como todos nós, sujeitas, a influências várias que fazem flutuar as suas inclinações, as suas amizades, os seus gostos, os seus amores, é coisa tão estúpida, que, só entre selvagens deve ter existido.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a inanidade de generalizar a eternidade do amor.
Pode existir, existe, mas, excepcionalmente; e exigí-la nas leis ou a cano de revólver, é um absurdo tão grande como querer impedir que o sol varie a hora do seu nascimento.
Deixem as mulheres amar à vontade.
Não as matem, pelo amor de Deus!
Vida urbana, 27-l-1915

O texto faz parte da obra Vida urbana, e se encontra em domínio público.


Para saber a programação completa da FLIP, acesse aqui.


Estarei em Paraty na quinta (27/07) e no domingo(30/07). Me avise aqui se você for também ;)


Beijos!!!



Um comentário

  1. Lima sempre atual, sempre excelente!
    uma bela homenagem
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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