"Eu buscava explicações para minha situação. Minha situação era um sofrimento que ninguém percebia, que eu mesma tinha dificuldade em perceber."
Autora: Susanna Kaysen
Editora: Única
Páginas: 189
Iniciei o livro de Susanna Kaysen, sem nenhuma informação sobre a obra, nem ao menos li a sinopse e o pouco ou quase nada que sabia encontrei na adaptação cinematográfica, mas que logo abandonei, não porque acompanhei poucas sequências e sim porque o filme não conseguiu em nenhum momento prender minha atenção durante o tempo que doei em assistí-lo. Logo pensei que tendo a leitura em mão, seria muito útil e obviamente abrangente, por se tratar de uma produção escrita, mas, infelizmente o mesmo efeito que senti no filme, se repetiu durante a leitura de quase 80% do livro que tem apenas 189 páginas. Porém, mesmo que a história não tenha me conquistado, isso não quer dizer que ele é ruim, claro que não! Então, que cada pessoa procure a sua própria impressão do que irá ler, e não se prenda em somente encontrar pontos negativos em minha resenha, mesmo porque consegui resgatar algumas coisas que de verdade gostei, por isso, vamos a resenha por completo!
Na verdade, eu só queria matar uma parte de mim: a parte que queria se matar, que me arrastava para o dilema do suicídio e transformava cada janela, cada utensílio de cozinha e cada estação de metrô no ensaio de uma tragédia. Só fui descobrir tudo isso, porém, depois de engolir cinquenta aspirinas.
O enredo se inicia com uma jovem de 18 anos em um consultório médico, mas, as informações são rasas, provavelmente porque a narradora não demonstrava estar emocionalmente equilibrada, por isso, não tive noção da duração do desconexo diálogo que havia entre paciente e médico. Após a aparente breve consulta a personagem finaliza o primeiro capítulo voluntariamente consentindo em sua própria internação em um hospital psiquiátrico.
Apesar do livro ter uma escrita simples de captar, bastante fluída e de capítulos pequenos, sua carga emocional é bastante angustiante e embaralhada, por isso, em mim persistiu certo dificuldade em compreender a história que me foi apresentada desde o início. Após a consulta, a mesma personagem tão logo se encontrava junta à outras jovens quase da mesma idade, formando um grupo de pacientes com diversos históricos de distúrbios emocionais e todas internadas em um mesmo manicômio.
Para solucionar minha dúvida sobre quem era a narradora, recorri à sinopse para entender então que o livro Garota Interrompida, é semelhante a um diário que foi escrito pela ex paciente e autora, Susanna Kaysen contando sobre os anos que passou no hospital Mclean, paralisando contra a vontade o fluxo de sua história, que foi interrompida drasticamente após um desiquilíbrio emocional, porém, ela pôde contar com uma percepção lúcida para que pudesse explorar e descobrir o que sentia e o porquê de estar ali, vivendo a reciprocidade da dor, do abandono, do preconceito e das carências unida às outras jovens encarceradas nos mesmos ou diferentes traumas pessoais e familiares.
E é mesmo fácil escorregar para dentro de um universo paralelo. São tantos! O mundo dos insanos, o dos criminosos, o dos aleijados, o dos moribundos – e talvez o dos mortos também. Mundos que convivem com este mas não lhe pertencem, embora a ele se assemelhem.
Percebi que o livro Garota Interrompida é mais uma porta para atravessarmos e conhecermos de certo modo o que se passa dentro do universo de dificuldades emocionais que muitas pessoas enfrentam em tenras idades ou por conta dos abalos sofridos no solo de suas vidas, entretanto há uma distinção inigualável na obra de Susanna Kaysen, e foi esta que conseguiu absorver um pouco minha atenção, porque foram trechos que nasceram de uma mente que de fato vivenciou um tempo considerável dentro de um manicômio e após sua "recuperação", enfrentou outro mundo, aquele que existe do lado de fora dos portões psiquiátricos, que poderiam ser refúgios, mas salvo alguns casos, geralmente essas instituições nada mais são do que encarceramentos frios e insensíveis, para uma mente e um corpo que já experimentam por si só vários tipos de prisões e travamentos emocionais.
Lisa sempre sabia o que lhe fazia falta.
— Preciso tirar férias deste lugar – dizia às vezes, e então fugia. Toda vez que voltava, nós lhe perguntávamos como estava o mundo lá fora.
— É um mundo ruim – dizia. Geralmente, ela ficava bem contente por estar de volta. — Lá fora não tem ninguém para cuidar da gente.
E foi através dessa experiência da escritora tentando sobreviver também fora do hospital que foi possível acompanharmos de forma impactante e às vezes um pouco até perturbador o ângulo de visão e sentido de quem estava mergulhado de cabeça no labirinto de interrogações inexplicáveis sobre os transtornos psicológicos dentro de si.
Uma das grandes satisfações da saúde mental (seja lá o que isso for) é a de precisar gastar muito menos tempo pensando em mim mesma.
Finalizo esta resenha declarando a impressão que sempre tenho diante de assuntos relacionados à problemas psicológicos: o mundo ainda não está preparado para essas pessoas, na verdade, não só para elas, mas para todos sem nenhuma distinção. Acredito que ele, o mundo, precisa se reciclar mais vezes para redescobrir o valor que cada ser humano desenvolveu dentro de si, independente de seu comportamento, opiniões, limitações mentais, físicas e diferentes formas de entender e viver a vida. Não nascemos para sermos paralisados e nem paralisar ninguém. Nosso ciclo de vida não deve ser interrompido, mas se de alguma forma enfrentarmos uma desestrutura que nos faça em pedaços e interrompa nossa caminhada, devemos parar, retornar o caminho em que paramos e encontrar novamente o ponto de partida para seguir a rota certa de libertação no nosso psique, reconhecendo que todo este processo de salvação está dentro de nós mesmos, pois para lidar com o outro e redescobrir nosso lugar, é preciso começar a cura de dentro para fora.
Às vezes, o mundo do qual viemos nos parece vasto e ameaçador, trêmulo e instável como uma imensa gelatina; outras vezes, é uma miniatura fascinante, girando, reluzente, em sua órbita. De uma maneira ou de outra, não há como descartá-lo.
Avaliação:
A Autora:
Susanna Kaysen (Cambridge, Massachusetts, 11 de novembro de 1948) é uma escritora norte-americana, melhor conhecida por ser a autora do livro de memórias "Girl, Interrupted". Nessa obra, Kaysen relata suas experiências em um hospital psiquiátrico, na década de 1960.Adaptação feita para o cinema em 1999, interpretada pela atriz Winona Ryder.
trabalhar com um enredo que traz a mente humana por base e as suas emoções é interessante e intrigante ao mesmo tempo, fiquei curiosa
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Nossa esse livro parece ser bem legal, já to animada pra comprar.
ResponderExcluirhttps://juhrablog.blogspot.com.br/
Adorei a sinopse,fiquei curiosa para ler.
ResponderExcluirOi! Tudo bem?
ResponderExcluirEsse livro é um daqueles que quando se lê se leva para a vida né.Adorei a resenha, beijos!
Ja quero ler .... meu marido que é filosofo que iria gostar de ler também....
ResponderExcluirJá ouvi falar desse livro, eu amei sua resenha, muito boa!
ResponderExcluirSucesso, beijo
helielzalobo.com.br
Nossa fiquei curiosa para ler esse livro parece sensacional.
ResponderExcluirBeijos, www.rainaracarolina.com
Fiquei curiosa para ler esse livro, não conhecia.
ResponderExcluirbesitos
www.blogmeamarro.com
Nossa, esse assunto é super delicado mesmo. De fato não estamos preparados pra lidar.
ResponderExcluirBeijos.
www.oxentebonita.com
Oi tudo bem?
ResponderExcluirJá conhecia o livro mas nunca havia parado para ler nada sobre ele, não sabia que ele tratava de um assunto tão delicado, irei fazer a leitura.
Beijos
Oiii Paty tudo bem?
ResponderExcluirEu realmente já ouvi falar tanto desse livrinho menina, fiquei surpresa em encontrá-lo por aqui na sua resenha, é um assunto bastante delicado e que dá pra deixar qualquer leitor afoito e pode-se debater o assunto.
Beijinhos
Um livro que aborda esse tema considerado forte, é uma obra que a autora não tem medo de escrever sobre o assunto, eu amei a resenha, parabéns, estou curiosa para conhecer o livro
ResponderExcluirProblemas psicológicos é um assunto bem complexo, de fato, ainda falta muito espaço para esse tipo de discussão na sociedade. Que pena que você não curtiu tanto o livro, eu tenho bastante curiosidade e lê-lo.
ResponderExcluirSua resenha ficou ótima, parabéns!
Beijosss
Páginas Empoeiradas
Achei bastante interessante a resenha e as suas impressões sobre o livro. De fato, não é o meu tipo de leitura também. Parabenizo você por terminar o livro, se uma história não me prende no início, dificilmente consigo terminar. A mente humana é mesmo um labirinto, na maioria das vezes sem saída kkk, por vezes só conseguimos sair de lá com ajuda, porém a devemos nos ajudar também.
ResponderExcluirhttp://missdiva.com.br/
Estou com tanta vontade de ler esse livro!!! Sempre ouvi falar muito sobre ele e sua resena me deixou ainda mais curiosa!!
ResponderExcluirJá ouvi falar desse livro!
ResponderExcluirEle é ótimo, bom achei lendo seu post, mas ainda não li e com certeza vou ler
O fato que envolve o lado da psicologia é muito complexo, a autora deve ter enfrentado momentos assustadores, mas, a história parece bem interessante.
ResponderExcluirOlá, eu li esse livro há alguns anos e, apesar de achar a temática interessante, ele não foi o que eu esperava ao longo da leitura, senti que faltou algo, sabe?! Mas mesmo assim teve seu pontos legais.
ResponderExcluirOi Elienae, eu li o livro, mas não gostei muito dele também. Acabei preferindo o filme. Até troquei meu livro.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Muito boa resenha, como sempre vc consegue aguçar em nós uma vontade diferente.rs! Nunca li o livro, mas se não conhecesse o filme iria querer ler. Temas que tratam da mente humana são complicados mesmo né!!
ResponderExcluirEsse livro parece ser muito intenso e com uma história incrível. Fiquei curiosa para ler.
ResponderExcluirBeijos
Ja ouvi muito sobre esse livro e muitas pessoas tbm não gostaram
ResponderExcluirEu não conhecia o livro, mas me interessei pela leitura dele. Eu gosto de livros que abordam temas diferentes do s que eu estou acostumada a ler e falam sobre assuntos sérios e importantes.
ResponderExcluirOi! Minha opinião a respeito do filme foi diferente rsrs Gostei bastante da atuação da Winona, o que me fez seguir assistindo até o fim. O livro é o próximo da minha lista e lerei logo que terminar minha meta de agosto. Acho bem interessante o tema abordado, pois hoje em dia ainda existem casos de hospitais psiquiátricos tratarem os pacientes da mesma forma como eram tratados algumas décadas antes. Acredito que ainda vivemos em uma era cheia de preconceitos e pré-conceitos, e infelizmente estamos longe de mudar isso.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Eli eu só assiti ao filme mas o livro parece ser bem mais profundo e extenso, né???
ResponderExcluirsim, Mariane. por mais que eu não tenha apreciado a leitura, sei que a adaptação cinematográfica nunca chega aos pés da originalidade dos livros. sempre prefiro os livros e não as adaptações. ;)
ExcluirFiquei muito tocada com sua resenha, espero ler o livro em breve, pois trata de temas muito importantes! Eu assisti o filme, então sempre tive curiosidade para o livro. Obrigada pela dica e adorei sua conclusão.
ResponderExcluirBeijos!
Olá! Gosto de livros com essa temática e fico curiosa para ler também.
ResponderExcluirGostei bastante da sua resenha, muito sincera e direta.
Vou anotar a indicação. super bjoooo
Olá, tudo bem? A obra não é novidade para mim, tanto que ela até já marcou presença na minha lista de desejados. Mas, não adianta, perdi o interesse após ler diversas resenhas. De fato, mesmo com alguns pontos positivos, parece ser uma obra meio complicada. Mesmo assim, gostei da sua resenha e dos pontos levantados.
ResponderExcluirBeijos,
www.paginasincriveis.blogspot.com.br/
Oiii Elianae, Tudo bem?
ResponderExcluirAinda não li esse livro, mas já ouvi muita gente falar bem, sua resenha ficou maravilhosa e despertou ainda mais o meu interesse em fazer a leitura.
Beijinhos literários ;)
Olá!
ResponderExcluirAssisti ao filme há muitos anos, de modo que não lembrava quase nada do enredo. Livros sobre doenças psicológicas/mentais costumam ser muito densos mesmos, perturbadores, até.
Sua resenha me lembrou a dificuldade em ler e entender a protagonista de A menina submersa.
Beijos
Olá!
ResponderExcluirQue pena que não curtiu a leitura. Eu já tinha ouvido falar da obra mas confesso que nunca me chamou a atenção, e depois da sua resenha pretendo menos ainda embarcar na leitura. Mas adorei poder conferir as suas considerações.
Beijos.
Esse livro é maravilhoso! Todos deveriam ler ao menos uma vez na vida.
ResponderExcluirToca da Lebre