Resenha: Minha Vida (não tão) Perfeita

Autora: Sophie Kinsella

Editora: Record

Páginas: 406

Skoob

Esse é o problema de conhecer as pessoas na vida real: não temos o perfil delas ao lado da foto.

Sejamos sinceras! O título do livro bem que poderia se encaixar em certos dias e momentos de nossa (nada mole) vida, não é verdade?! Mas, se você, assim como eu, não conhecia a explanação da autora, talvez imagine que o assunto central seja sobre sofrências cotidianas, tipo: mais uma autoajuda ao nosso alcance! Bem, não é nada disso, porque o livro é de Sophie Kinsella, geeeeente!!! E segundo as dicas e pesquisas que fiz, vindo dela, podemos esperar um enredo levíssimo, com direito sempre a gargalhadas (até 2030??? rsrs) durante a leitura. Mas, após o impacto da experiência inicial de riso e lágrimas (não exatamente nessa ordem rs), percebi a presença de um tempero envolvendo mais sentimentos cômicos e dramáticos, sem é claro, perder o sabor hilário, que é o tom marcante de Kinsella.

É engraçado como a vida parece uma gangorra: algumas coisas sobem enquanto outras descem. Minha vida está desabando...

Gente, “vida perfeita” ninguém tem, e olhando a vida da personagem Cat Brenner, tive mais certeza ainda! Ela divide um flat com duas pessoas esquisitas, ocupa um cubículo quarto que cabe só a cama de solteiro, guarda suas roupas em uma rede e em seu perfil no Instagram, é possível encontrar o oposto de tudo isso... Mas, Cat é mais do que isso, ela é resoluta em se manter de pé (literalmente), apesar dos contratempos em sua trajetória Londrina. Seu cotidiano é básico, enfrenta todos os dias superlotação e momentos tragicamente pitorescos até chegar em seu trabalho, na agência de publicidade Cooper Clemmow, que é um ambiente nada acolhedor para uma assistente de pesquisa, com excelente formação em design.

Demeter tem tudo mesmo, não é? Que droga, ela tem tudo! O emprego, a casa, o marido, os filhos, as paletas de cores da moda...

Sua líder se chama Demeter, uma mulher linda dos pés a cabeça, e por falar em “cabeça”, além de rica e muitíssimo reconhecida em sua profissão, ela sustenta em seus ombros autoritarismo e indiferença com todos que tentam se aproximar de sua total perfeição, mas, Cat não se retrai, mesmo diante do reflexo profissional que ela se espelha, não desistirá de conseguir uma melhor colocação e reconhecimento, afinal, ela não está ali a toa! Porém, Demeter, sem nenhuma explicação, rude e inesperadamente a demite. No entanto, de Somerset, sua terra natal, surge um convite inusitado: administrar o glamping da fazenda de seu pai Mick e sua madrasta, Biddy. Obviamente por razões financeiras, ela aceita, mas, sem desistir de ser design e viver em Londres.

Meu pai acha que desprezei Somerset totalmente, mas isso não é verdade. Só tomei uma decisão sobre como viver a vida...

Trabalhando na fazenda em contato com sua antiga história, mudanças renascem em sua vida, ela assume a essência do interior, seu sotaque pesado entre outras coisas, até mesmo seu nome legítimo: Katie... Porém, o inesperado acontece... Depois de tanto tempo, quem surge no glamping, juntamente com a família, para curtir a natureza em duas semanas de férias? Demeter! A ira dá vida a vingança e por meio de sua genialidade, Katie arquiteta grandes planos para... Ops! Parei por aqui... Aguarde as cenas dos próximos capítulos, nas livrarias bem próximas rs... 

Não ousei espiar o futuro. Não ousei pensar demais sobre as coisas.

Para o tema principal, a autora se inspirou na sociedade das aparências, nas mídias digitais. Sendo assim, por meio de uma narrativa divertida, Kinsella expõe observações da vida (nada) reservada e os prejulgamentos sobre redes sociais e seus usuários, não importando a classe social de cada um. A história é simples, fluente, por que não dizer, viciante? Pela narração em primeira pessoa, percebi um contato real da personagem Katie Brenner, fazendo-me sentir sua confidente, que participa de seus pensamentos preenchidos de medos, inseguranças e relatos cotidianos sobre sua vida (não tão) perfeita. O enredo não se perde em nenhum momento, mesmo com 406 páginas, e detalhe, finalizei a leitura em quase 48 horas. E por falar em término, Kinsella fecha magnificamente sua história com graça cativante, deixando rastros de apontamentos sensíveis e sem ser previsíveis.

É da natureza humana esperar coisas impossíveis.

Ainda sou iniciante diante das inspirações de Kinsella, mas, como uma leitora exigente, afirmo que me senti confortável e refém por livre arbítrio da mente da autora, e mais, sentirei saudades da querida e amiga, Katie Brenner rs...

Enfim, tenham uma agradável diversão e não esqueçam:

A vida de ninguém tem que ser perfeita.

Avaliação:

A Autora

Madeleine Sophie Townley, conhecida como Sophie Kinsella, nasceu em Londres, Inglaterra em 12 de dezembro 1969. Ela é irmã da também autora Gemma Townley (“Quando em Roma”, “Manual Para Românticas Incorrigíveis”, “1 Milhão de Motivos Para Casar” e etc) e de Abigail Townley, que é advogada. Cursou um ano de Música antes de trocar de curso e se graduar em Politics, Philosophy and Economics (PPE) pela New College, Oxford.Trabalhando como jornalista financeira, em 1995, aos 24 anos, sob o nome Madeleine Wickham lançou seu primeiro romance “The Tennis Party” que foi um sucesso e logo entrou para a lista de mais vendidos. Como Madeleine Wickham publicou sete livros, dois quais apenas três foram traduzidos para o português.Em 2000, enviou anonimamente para a própria editora, sob o pseudônimo Sophie Kinsella, o primeiro volume da Série Becky Bloom, “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” (título original em inglês: “The Secret Dreamworld of a Shopaholic”. Posteriormente intitulado “Confessions of a Shopaholic”). Este livro logo se tornou um sucesso editorial! Só em 2003, com o lançamento de “O Segredo de Emma Corrigan” (“Can You Keep a Secret?”), ela revelou sua verdadeira identidade. O pseudônimo Sophie Kinsella foi criado a partir do nome do meio dela, Madeleine Sophie Townley, e o nome de solteira da mãe dela, Patricia B. Kinsella.Em setembro de 2015, a autora esteve no Brasil na XVII Bienal do Livro do Rio de Janeiro e também em uma sessão de autógrafos cidade em São Paulo.